quinta-feira, 16 de maio de 2013

“Somos tão jovens' estreia e diretor já pensa em novo filme sobre Legião”

Antônio Carlos da Fontoura lança longa sobre juventude de Renato Russo.
Ele diz que distribuidoras sondam e família permite 'parte 2': 'Seria bacana


Ainda é cedo", brinca Antônio Carlos da Fontura, diretor de "Somos tão jovens", citando a música de Renato Russo, ao ser questionado sobre uma possível sequência de seu filme. O longa que mostra a juventude do músico, antes do estouro da Legião, estreia nesta sexta (3). Mas Fontoura diz que já foi sondado pelas distribuidoras Imagem Filme e Fox por uma continuidade e que o espólio do cantor dá essa opção. 

"Existe essa possiblidade e eu acharia muito bacana que isso acontecesse", diz o cineasta.

O cineasta também fala sobre a escolha do nome do filme que estreia agora. "O título original era "Religião urbana". mas o Dado e outras pessoas me disseram que o Renato odiava esse nome, porque achavam que estavam gozando ele, que ele era um pregador" Foi Dona Carminha, mãe de Renato Russo, quem exigiu o "Somos tão jovens". "Eu faço tudo o que você quiser pelo filme, porém, mude o título agora", ela disse para Fontoura, segundo o diretor.


 Cena do filme Somos tão jovens (Divulgação)

Dado Villa-Lobos diz que o filme que estreia agora tem uma ideia bem fechada. "Eu acho que a história desse filme é essa história. O que veio depois todo mundo conhece, sabe mais ou menos o que é. Seria outra história, outro roteiro". Ele falou ao G1 ao lado de seu filho, Nicolau, que o interpreta no filme, e de Marcelo Bonfá, ex-colega de Legião.


"Acho que esse outro [filme] vira um road movie, com uma banda e o que aconteceu no cenário dos anos 80 no Brasil", arrisca Dado. Nicolau cita "Almost famous" ["Quase famosos", "road movie" sobre rock de 2000] e Bonfá brinca ao citar "This is Spinal Tap", um falso documentário de 1984 sobre uma banda de heavy metal, completando a fala de Dado.


Nicolau, de 24 anos, diz que teve a dimensão do trabalho de Renato ao fazer o filme. "A coisa que mais me marcou, que eu realizei, é o tamanho da Legião e do Renato. A mobilização das pessoas em Brasília foi gigante para o filme. [Aprendi] a dimensão da Legião, porque eu peguei o finalzinho, sou de 88. Vamos ver o que vai acontecer nos cinemas, eu estou ansioso, e acho que tem tudo para ir muito bem".

Fonte: http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2013/05/somos-tao-jovens-estreia-e-diretor-ja-pensa-em-novo-filme-sobre-legiao.html 

terça-feira, 26 de março de 2013

Cooperadores do meio ambiente!

Melhora no espaço coletivo depende da união de grupos organizados

Luane Tenório
           
            Ações comunitárias que envolvem movimentos em prol do bem estar social requerem esforço e dedicação de pessoas e de grupos das comunidades inseridas. Exemplos simples do cotidiano, como varrer a calçada, recolher um papel no chão, revelam ações voluntárias que podem tornar o convívio em sociedade melhor, além de estabelecer uma comunicação com a comunidade, gerando um ambiente mais agradável para viver.
        A comunicação com a comunidade abre oportunidade de expor, discutir ideias, integrar os moradores e difundir o legado sociocultural que sejam de interesse comum. Pessoas inseridas nesse processo tende a mudar o seu modo de ver o mundo e de relacionar-se com ele.
    O envolvimento da população em atividades sociais mais amplas trata-se do engajamento em movimentos e organizações de interesse público, como por exemplo, mobilizações em prol da limpeza de uma área verde. Como exemplo, os moradores do jardim do Lago, que juntos, uniram forças para ativar um Parque Ecológico esquecido pelas autoridades. Após anos de luta e trabalho para ter uma área de lazer revitalizada, que ainda passa por adequações, as autoridades se sensiblizaram com a motivação da comunidade e ajudaram no processo.
De acordo com a secretária de Esportes da associação de moradores do jardim Aeroporto, Marly Inácio de Oliveira, 52, que também é professora de Educação Fisíca, o Parque Ecológico do jardim Lago era esquecido pela prefeitura. "Não tínhamos aréa de lazer, havia lixo e muito entulho. Éramos esquecidos", lembra. Marly está há oito anos na associação que existe a mais de duas décadas. Ela foi uma das responsáveis, juntamente com os diretores da associação e moradores do bairro, em iniciar o espaço de lazer de qualidade para  a comunidade.
            Foi em 2005 que o projeto teve a guinada entre os moradores, contudo há relatos dos voluntários do bairro, que foi preciso persistir muito, com ofícios para a Prefeitura entre outras ações. A área de lazer é ampla e contempla moradores do jardim do Lago, Aeroporto, São Lourenço, Lago Azul, Inocoop, além de outros bairros próximos ao Parque. Atualmente o Parque Ecológico está limpo, lagos tratados e ocorrem diversas atividades esportivas durante a semana e aos fins de semana.
Por meio do trabalho voluntário, Marly inciou o projeto "Viva Melhor", que leva atividades fisícas como caminhadas, corridas, alongamentos, campeonatos, entre outras ativiadades.
Moradores se juntaram!
“Colocamos a mão na massa”, relata o morador do jardim Aeroporto, Marcos Antônio de Souza, 57, um dos mais antigos moradores do bairro, a 29 anos. Souza conta que havia no Parque muito lixo, crianças brincando no lago, que antes era uma rede de esgoto. Hoje se lembra, com um sorriso no rosto, que os moradores têm uma área de lazer, onde podem trazer as crianças para brincar sossegadamente.
            O mesmo aconteceu na Praça de Esportes do jardim Morro Azul, um ponto de referência do bairro, frequentada por estudantes das escolas próximas. "Se quissesémos a praça limpa, tinhamos que varrer todos os dias", afirma o secretário da associação de moradores do Morro Azul, Acássio de Oliveira, aposentado, 79 anos.
Oliveira conta que a praça também era esquecida pelas autoridades e que a associação encaminhava vários ofícios à Prefeitura, pedindo a limpeza do local, mas que dificilmente eram respondidos. De acordo com ele, os moradores se revessavam para varrer a praça e arrecadavam dinheiro para compra de lâmpadas, que sempre eram furtadas em pouco dias de uso.
Ações em que a população participa é de extrema necessidade, além de contribuir com o meio ambiente. "A colaboração dos moradores é muito importante, pois trata-se do que é nosso e também fazemos nossa parte com o meio ambiente", finaliza Oliveira.
Depois de muita insistência e dedicação dos moradores, os órgãos municipais responsáveis realizam a limpeza no local, porém os atos de vandalismo ainda são intensos na região, o que costuma ocasionar furtos de objetos.
Já para a filosofia de ação dos moradores do jardim Aeroporto deve-se ocorrer a identificação da comunidade com seu local de lazer. Para a secretária da associação de moradores do jardim Aeroporto, a comunidade em geral, precisa ter o conhecimento de que o espaço é dela. "A comunidade precisa ter a noção de pertencimento. A área é minha, é para o meu uso, eu preciso cuidar dela".
O morador do jardim Aerporto, João Teixeira, 57, que também faz parte da associação, conta que a mais ou menos oito anos atrás, ele e outros moradores coletavam os lixos deixados no Parque pelos vizinhos. “Por diversas vezes peguei lixo doméstico e coloquei na lixeira da minha casa, pois tinha moradores que jogavam o próprio lixo no Parque”.
O Parque Ecológico conta ainda com um Guarda Cívil Municipal que faz a segurança. De acordo com guarda de plantão, Paulo Roberto, o Parque estava muito abandonado, com indíce alto de tráfico de drogas, ocorrências de estupro, além de muito lixo e entulho. Após as obras de revitalização, o parque está melhor. “Ainda tem muito o que melhorar, mas já melhorou bastante”, explica.
Atividades exemplares
Quem passa pelo Parque Ecológico hoje, e viu um dia como ele já foi, se assusta ao ver como o espaço tem se tornado um local de lazer, distração e também um espaço cultural. Durante a semana a professora Marly leciona aulas de educação fisíca, corridas, compeonatos, condicionamento fisíco, além de aulas de capoeira  aos sábados e palestras em parceria com o Senac de Limeira.  “Se eu quero ver as coisas melhorarem é preciso levantar e fazer. Podemos melhorar o mundo com pequenos gestos” finalizou a professora.
O morador do bairro, Júlio dos Santos, sente-se realizado, pois tudo o que foi planejado para acontecer no Parque se desenvolveu. "Sou realizado, pois tudo o que foi planejado para a área de lazer deste bairro saiu do papel".
            A colaboração de pessoas neste âmbito social é importante, além de dar valor para o que é de seu próprio uso. Pequenas ações em prol da comunidade visam melhorar o espaço ambiental revelando cooperadores do meio ambiente, e pessoas preocupadas em cuidar do espaço em que vivem.   

Centro Espírita desenvolve trabalho social aos sábados, levando o alimento para o corpo e para a alma


O Centro Espírita Francisco de Paula Victor há 30 anos fornece sopa para famílias carentes, e traz acompanhamento espiritual às pessoas que o procuram

Luane Tenório
           
Ajudar o próximo sem esperar visibilidade. Atualmente é possível existir pessoas assim? Que deixam o egoísmo, as preocupações e as dificuldades da vida de lado, ao ponto de ajudar quem precisa de forma altruísta?  Pode–se considerar que pessoas assim são raras. A maioria, hoje, pensam no seu próprio bem, olham somente para seu “eu”. Contudo há grupos, entidades, instituições religiosas e outras ausentes des crenças tradicionais que têm fugido à regra moderna de “caridade” em troca da “visibilidade benevolente”. Caso deste enredo é o Centro Espírita Francisco de Paula Victor, em Limeira. Uma entidade espírita que possui diversos trabalhos sociais, um deles é o projeto, “Sopa Fraterna Meimei”, que por meio do alimento ajuda pessoas em situação de vulnerabilidade social a terem o que comer nos próximos dias e também dão o alimento para a alma, a palavra do evangelho, como explicam. O projeto é desenvolvido todos os sábados a partir das 8h. Luis Henrique Barbosa é voluntário do projeto e responsável por recolher os alimentos que são fornecidos por alguns supermercados. Os alimentos são para prepararem a sopa que será fornecida no Centro.
Acompanhei Barbosa na rotina que ele percorre todos os sábados, recolhendo os alimentos nos pontos específicos que ajudam voluntariamente o Projeto. Às 8h10min. partimos do Centro Paula Victor com uma caminhonete até a fábrica de separação de laranjas, lá foram recolhidas cerca de 6 caixas que a distribuidora doa. “As laranjas servem para fazermos o suco para as famílias e as que sobram fazemos as sacolinhas, com outras frutas e distribuímos para as famílias assistidas”, disse o voluntário.
Após o recolhimento das laranjas, voltamos ao Centro para descarregar todas as laranjas e para começar a preparação do suco e das sacolinhas. Partimos então em direção ao supermercado que chamaremos de supermercado 1, (preferiu-se não identificar as redes). Aproximadamente 100kilos de verduras, legumes, frutas, mesmo estando “feio” por fora, são aproveitados, em especial os que dão para serem utilizados. Retornamos ao Centro e novamente descarregam a caminhonete. Durante nossa trajetória Barbosa conta sobre sua satisfação em participar do projeto. “Quem acaba sendo ajudado ‘espiritualmente’ sou eu” relata. Partimos então para o último supermercado, o supermercado 2, onde foi recolhido por volta de 50Kilos de frutas e legumes. No caminho de volta para o Centro, uma parada para recolher em mais uma distribuidora de sucos natural de laranja. Seguimos para o Paula Victor onde será descarregado novamente todo o material recolhido. Primeira parte concluída.
            Agora é a vez da equipe da cozinha entrar em ação. As mulheres com toca na cabeça, e com a maior satisfação, separam as frutas e os legumes que foram recolhidos e começam a selcionar os que serão cozidos para ser servido junto à sopa, e o que sobra vai para as sacolinhas que serão distribuídas a tarde.
Lígia Corte Tedesco realiza o trabalho há dois anos. “Preparo a sopa com muito amor e muito prazer”, disse a terapeuta ocupacional, que aos sábados é cozinheira do projeto.
A comerciante Lilian Degan, afirma que o trabalho voluntário é muito gratificante. “Sinto muito honrada em poder ajudar ao próximo, não espero nada em troca, faço com amor”.
            O diretor do departamento da sopa, André Luis Mercuri Calderini, é cirurgião dentista e aos sábados dedica parte de sua vida a famílias que são assistidas. Calderino explica que o principal objetivo da sopa é fazer a caridade sem esperar nada em troca. “Ajudamos as pessoas que passam por dificuldades servindo o alimento para o corpo e o alimento para a alma, sem esperar o retorno”.
            Às 13h30 chega à primeira mulher assistida pelo Centro. Eufrosina Moreira Manuel, de 70 anos, espera sentada numa cadeira de plástico, vestida com uma camiseta escrita Brasil. Eufrosina um pouco tímida e com um sorriso no rosto conta que frequenta a casa há 10 anos e que vem todos os sábados ouvir a palavra e comer da sopa. “Gosto muito de vir aqui, não vejo à hora de chegar o sábado para comer a sopa”, disse a aposentada.
            Em seguida, às 13h42, chega à segunda senhora, Paula Melosi, de 72. Paula frequenta o local há dois anos, a moradora do jardim Anavec I conta que a sopa que é fornecida é muito gostosa, e afirma que as sacolinhas de mantimentos ajuda ao longo da semana. “A sacolinha ajuda muito minha família, conseguimos passar a semana inteira com as frutas, verduras e legumes que eles dão pra gente”.
De acordo com o diretor, as sacolinhas é a sobra do que foi arrecadado no sábado. “Tivemos a ideia da sacolinha, pois não é todas as famílias que têm condição de comprar frutas para os filhos ou ter legumes, em casa, então fazemos as sacolinhas para que elas possam ajudar durante a semana”, ressalta Calderini.
A partir das 14h começam a chegar mães com suas crianças. São assistidas pela entidade cerca de 60 famílias, devido a problemas com maridos alcoolizados, o Centro Francisco de Paula Victor permite somente a entrada para comer da sopa mulheres e crianças.
            Chegando todas as mulheres e crianças, o diretor do projeto, dá boa tarde a elas e convida-as a fazer uma roda e orar, para então, ser servido primeiro o “alimento para a alma”, depois o físico. Crianças são ministradas em sala separadas das suas mães. O conteúdo das aulas vai de brincadeiras, canções a ensinamentos da doutrina espírita. Ao lado, na sala das mulheres, o ensinamento é sobre amar ao próximo e fazer o bem, princípio de conduta para a religião espírita. Calderini explica que a maioria das pessoas que vêem em busca da sopa, são católicas, elas buscam o alimento, mas também encontram o que precisam para a alma, o amor de cristo. Além do evangelho e doutrina espírita as famílias aprendem também sobre higiene pessoal. Enquanto estão participando da partilha do evangelho, a equipe de voluntários prepara a mesa. Sete panelas com capacidade para 7 litros cada uma, duas panelas com 14 litros de suco natural de laranja e pão francês também são colocados à mesa.
            A reunião do evangelho dura por volta de 30 minutos. Às 15h30 todos já alimentaram o espiritual, chegou à vez de alimentar o físico. Mais uma vez se reúnem no salão principal para então ser servida a sopa.
Sorrisos marcavam por toda a parte o Centro Espírita. Enquanto aguardavam ser servidas, as crianças brincam uma com as outras.
             A solidariedade pode ser de várias formas. Seja no impulso provocado por uma tragédia, seja em forma de trabalho voluntário, assim como faz o Centro Francisco de Paula Victor, ou até mesmo no dia a dia no trato com as pessoas. Isso desperta as mais nobres aspirações da humanidade: a caridade, ajudar ao próximo.
             Quem recebe um ato solidário conquista benefícios. Mas quem oferta momentos de afago, carinho e doação aos outros ganha ainda mais. São valores morais socialmente constituídos vistos como virtude no indivíduo. Não se deve esquecer, contudo, o potencial transformador que essas atitudes representam para o crescimento interior do próprio indivíduo. Afinal, quando saímos do nosso “mundinho”, conseguimos interpretar de outras formas, muitas vezes com maior amplitude.
Juliana Aparecida Ferreira de 28 anos moradora do jardim Vanessa, conta que está uma delícia a sopa. “Hum que delícia. Muito bom esta sopa, venho todos os sábados e trago meus filhos”.
Após todas as pessoas já terem se alimentado, Calderini avisa que tem sobremesa. “Hoje temos sorvete”. A turma de voluntários rapidamente se prepara para servir o sorvete, naquele finzinho de tarde quente. Uma a uma, as pessoas pegavam o sorvete e iam se despedindo, para se encontrarem novamente no próximo sábado.
            A recompensa em ajudar ao próximo torna-se prazerosa e do ponto de vista religioso, acredita-se que a prática do bem salva a alma. “A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana”. A frase de Fran Kafka expressa com exatidão o trabalho voluntário, que tem como princípio a caridade e o amor ao próximo.

Humanizar é preciso! Realidade ainda é árdua para quem sobrevive da renda dos recicláveis

Luane Tenório

“Acordo com o galo cantando, às 4h da manhã”, relata o senhor de 60 anos, que na escuridão da madrugada saí às ruas com seu carrinho de sucata, feito de uma carcaça de geladeira velha, enfrentando sol e chuva em busca do sustento da família. Joaquim Leonel Pereira, casado, morador do jardim Odécio Degan, mantém essa difícil jornada há 10 anos, como catador de material reciclável. Mora com a esposa, é pai de três filhos, a esposa é dona de casa, e presta serviços como costureira para complementar a renda da família. O catador tira em média 700 reais por mês, mas admite que não é fácil.
“Dou voltas nas redondezas do bairro e quando enche meu carrinho, vou pra casa esvazia-lo e retorno novamente, faço esse trajeto ao mínimo quatro vezes por dia”.
A realidade de Pereira é mais uma dentre as 16 milhões de pessoas que vivem em situação economicamente precária no Brasil. Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que representa 8,5% da população brasileira em situação de vulnerabilidade social.
O catador Pereira vive isso diariamente e busca recursos da Previdência Social (INSS) para se aposentar, pois a renda ainda é baixa. Porém, ele sente orgulho no que faz. “Eles nos pagam pouco, mas vale a pena trabalhar nisso, sinto realizado com o que faço”.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, por meio da Prefeitura, fornece um barracão para os catadores formarem cooperativas, por exemplo, a cooperativa Copereli, formada por 15 integrantes, a maioria mulheres, e completa 12 anos no município. A Prefeitura é responsável por descarregar o material reciclável no barracão, onde é feita a separação e venda desses materiais em empresas privadas. A quantia é dividida com os que trabalham na cooperativa. E assim também colaboram na quantidade dos materiais dispostos no aterro sanitário.
O casal Francisco de Assis e Eva Conceição de Souza fazem parte da cooperativa, Eva como separadora de material e Assis é responsável por prensar o material. De acordo com Eva, trabalhar na cooperativa é uma oportunidade interessante e vê-se um bom desenvolvimento com o trabalho em equipe. “Aqui nós temos uma renda boa, contamos com a parceria – o trabalho em equipe, além do apoio da Prefeitura”. Juntos o casal consegue, em média, 1.400 reais por mês, sendo 700 para cada, o valor é relativo à condição de trabalho, relatam.
Para Assis o trabalho é cansativo e as qualidades em que se trabalham não são boas devido ao mau cheiro que os resíduos descartáveis geram ao ambiente, mas apesar de tudo, vale à pena quando se faz o que gosta. “Gosto muito do que faço, larguei minha profissão de pedreiro para tentar uma vida melhor”, disse o catador que também não é aposentado.
Os catadores de materiais recicláveis fizeram do lixo uma forma de obter renda para o próprio sustento. Neide Maria dos Santos Antônio, 66 anos, aposentada, trabalhou na roça desde os oito anos de idade, mãe de nove filhos, têm 25 netos e 19 bisnetos. Há 27 anos seu marido foi embora de casa, deixou-a com filhos e em péssimas condições financeiras. Mas essa mulher guerreira, nunca desistiu, foi à luta e trabalhou durante muito tempo como empregada doméstica, e há cinco anos Neide recolhe material reciclável na rua.
Em Limeira existe o projeto “Reciclar Solidário”, desenvolvido pelo Centro de Promoção Social Municipal (Ceprosom), com o apoio de outras secretarias: secretaria de meio ambiente, educação e diretoria de ensino. O projeto tem o objetivo de propiciar geração de trabalho e renda para a população, e contribuir para o meio ambiente. A eco coletora Neide, faz parte do projeto desde o início em 2007, coleta os matérias nas ruas, mas há três meses está sem coletar por problemas de saúde devido ao trabalho. Os vizinhos separam o material em casa para ela: papel, latinhas, garrafas entre outros e entregam na casa de Neide, assim ela tem trabalhado sem sair de casa.
Neide conta que a rotina da rua é cansativa, além do preconceito que as pessoas têm com quem realiza este tipo de trabalho. “A rotina da rua é difícil, chego a ficar esgotada, mas nós [os catadores] precisamos dessa renda”.
De acordo com a ecóloga do projeto, Silvana de Oliveira, “Reciclar Solidário” possui 200 pessoas cadastradas, porém conta com 150 eco coletores ativos. Em média os eco coletores recebem cerca de 400 reais por mês, a maioria também são mulheres sem formação profissional e com mais de 40 anos. Os eco coletores coletam nas proximidades do bairro em que moram, uma vez por mês acontece o “mutirão”, no qual os eco coletores saem juntos e coletam o material, a renda é dividida entre eles. O principal objetivo para os eco coletores, além da renda, é o convívio solidário em sociedade e o trabalho em equipe. Já uma vez por semana acontece as reuniões nos centros comunitários, cada dia a reunião é em um bairro. São discutidos diversos temas, além de palestras e a inserção de cultura, por meio de contos folclóricos, lendas, cultura brasileira, levando um pouco de espaço cultural a essas pessoas. Há também a participação do grupo em eventos da cidade, como por exemplo, visita ao Teatro Municipal, (Teatro Vitória), desfile de sete de setembro entre outros eventos realizados.
“Sinto muito feliz em participar do projeto, participo de todos os eventos e reuniões”. Mesmo com a saúde debilitada, Neide fala do projeto com orgulho e satisfação. “O projeto é a minha segunda família”, concluiu a eco coletora.
A ecóloga explica que os eco coletores acabam ensinando a população a fazer a separação corretamente dos materiais, pois mesmo com os recipientes específicos, ainda há pessoas que não sabem separar o lixo do reciclável. “O projeto auxilia o cooperativismo e o trabalho em equipe”, completou.
O talento desses homens e mulheres para viver é inquestionável, mesmo que ainda encontrem dificuldades e discriminação social há também, notadamente, ao caminhar nas ruas, o olhar que demonstra sentimentos humanitários e de respeito a esses profissionais. 

Respeito e confiança ainda são marcas principais nos relacionamentos


Luane Tenório

     Existem amigos que são bem próximos de nós, têm aqueles que são mais, tímidos, os loucos, que topam pular de pára-quedas, só pra satisfazer a nossa vontade, têm os nervosos, entre tantos outros tipos de amigos, mas por trás de um verdadeiro amigo há o respeito, como base principal para qualquer laço afetivo, seja ele familiar, profissional ou outros. De acordo com a psicóloga e arte terapeuta, Josiane Sanches, os relacionamentos nos dias de hoje, estão se esfriando por causa da falta de amor entre as pessoas. “O egoísmo e a violência tem tomado conta das pessoas, hoje é cada um cuidando de si próprio, acredito que o amor, a índole e o caráter que ainda existe é o que mantém os relacionamentos vivos”, declarou Josiane.
      Existem pessoas que acreditam numa relação honesta de amizade entre os sexos opostos, por outro lado há os que acham impossível a existência de um relacionamento entre homem e mulher sem outros interesses. Os jovens Jéssica Daniela da Silva, 21 e Alex Tetzner, 24, se conheceram há seis anos, através de uma amiga em comum, “Débora, (amiga em comum), me apresentou o Alex, e de imediato, ficamos amigos, me relaciono muito bem com ele, apesar dele já ser casado, ele é como se fosse meu irmão mais velho”, relata Jéssica. Ela conta que sempre houve o respeito entre eles, “ele me entende, e eu sempre procuro entende-lo, sem o respeito é impossível haver amizade”, conclui Jéssica.
       Segundo a psicóloga, todo relacionamento é um jogo de interesses, “nos aproximamos de alguém pensando em que a pessoa tem a nos oferecer, e vice e versa, mas existe amizade que ultrapassa essas barreiras através do companheirismo e do amor que os liga”, relatou Josiane. Para Alex Tetzner, amizade com uma pessoa do sexo oposto, possibilita entender, respeitar as diversas opiniões, e entender também o universo feminino, “admiro e respeito muito a Jéssica, minha amiga para todas as horas, até a convidei para ser minha madrinha de casamento”, brincou Tetzner.
      O relacionamento precisa ser cultivado. Há exemplos de amigos de idades diferentes, o mais novo e o mais velho. Sabe-se que o mais velho costuma ter mais experiência do que o mais novo, mas o que não deixa de ser diferente em troca de vivência para o mais velho, que sempre aprende e compartilha com o mais novo. O aposentado, de 65, Rubens Aparecido Rodrigues, é amigo do jovem de 22 anos, Samuel Hernane de Souza. Eles possuem um bom relacionamento apesar da diferença de idades. “Aprendo muito com o Samuel”, disse o aposentado. Para Rodrigues, respeito entre eles parte do conhecimento de entender a linguagem do outro, “o Samuel me faz despertar curiosidades sobre a vida, um bom relacionamento a gente não esquece”, concluiu. Já para o jovem, a confiança parte de entender e respeitar a opinião do mais velho, “o de mais idade sempre entende mais da vida do que eu”. De acordo com Souza, todos os relacionamentos partem do respeito, e da confiança, “um bom relacionamento a gente guarda pra vida toda”, finalizou o jovem.
      Construir um relacionamento duradouro e saudável requer esforço e paciência do casal. De fato, existem inúmeros obstáculos no percurso, porém, uma perspectiva positiva sobre a relação é o primeiro passo para que dê certo.
O namoro ocorre na convivência, para um possível relacionamento mais íntimo, o que pode inclusive levar ao casamento. Natália Campos, e Allan Radaic, estão juntos há 2 anos, se conheceram pela internet, por meio de uma amiga em comum. Natália é de Limeira, já Allan é de Mogi Mirim. Porém à distância não os impediu de construírem uma amizade, e daí surgiu o namoro, “sempre fomos muito amigos, começou a surgir o interesse, começamos a gostar um do outro, aí decidimos namorar”, relata Radaic. Ele conta que eles só se vêem aos fins de semana, mas à distância não os inibe de ter um relacionamento saudável e respeitoso, para ele a distância traz a saudade, e assim procuram valorizar o tempo de namoro, “procuro dizer que a distância se assemelha a uma faca de dois gumes; há o inconveniente de ficarmos longe um do outro, vendo somente aos fins de semana, porém quando nos aproximamos há muito mais profundidade”, declarou Radaic. Natália afirma que existe um respeito mútuo entre eles, “acredito que o respeito é um dos pilares para um bom relacionamento”, disse a jovem.
       Hoje, nessa esfera tecnológica, com mulheres independentes e homens de negócios, os casais ainda esperam viver aquela paixão de cinema ou fazer parte do tradicional “viveram felizes para sempre”. Mas essa não é uma missão fácil quando se trata de sentimentos, pessoas e personalidades diferentes. Manter um relacionamento saudável requer outras condutas além de amar o/a companheiro/a.
    O casal, Jefferson e Fernanda Billato, se conheceram na van que os levava à faculdade, Jefferson estava no último ano de Administração, e Fernanda, no primeiro ano de Serviço Social. Assim, de forma engraçada e surpreendente, começaram as trocas de olhares, a amizade e não demorou muito pra surgir um namoro, que durou cinco anos. Há dois anos estão casados, sem filhos e vivem, de forma feliz, sempre buscando a felicidade um do outro. “Somos um casal muito feliz, mas não existe ser humano idêntico ao outro e por isso torna-se necessário a compreensão e o respeito. Administramos muito bem os conflitos que por sinal são poucos”, disse o administrador de empresas. Para ele, o respeito é a base para a manutenção e o desenvolvimento de qualquer relacionamento. De acordo com Fernanda, o respeito se constrói a cada dia, dando espaço para falar, expressar sentimentos, opiniões e também o saber ouvir.
Em suma, por trás de um bom relacionamento encontra-se o respeito a confiança depositados no outro.
Os laços afetivos e a tecnologia!
De acordo com a Assistente Social, Regina Célia Pereira, os relacionamentos sofrem influência da tecnologia. Ela relata que a comunicação olho no olho está se perdendo. “Hoje a maior via de comunicação é por internet e celular, estamos perdendo o contato olho no olho, o prazer de se comunicar com as pessoas”, disse a assistente social. Ela ainda ressalta que as brincadeiras infantis, estão se perdendo em meio ao mundo globalizado, com a mídia, as crianças passaram a se relacionar com as máquinas, “reconheço que a tecnologia, é de grande valia, mas nunca podemos perder o prazer de se comunicar ‘fala’ com o outro”.